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Parentalidade

Sono, para que te quero!

Sempre gostei muito de dormir, mas não sou daquelas que consegue ficar horas a fio na cama. 8h por dia sabem-me que nem ginjas…

E muitas vezes, apesar de ainda ter sono, não consigo dormir mais nem ficar deitada, mas o que dormi, acaba por ser suficiente.

Dormir 8h diárias, é um bem em vias de extinção! 

Só comecei a usufruir e de vez em quando de uma noite bem dormida, há cerca de 6 anos. Porque isto de estar sempre a acordar a meio da noite, tem muito que se lhe diga… e grande parte das mães, para não dizer todas, em alguma parte da sua jornada da maternidade, sofre com privação do sono.

A privação do sono foi uma das maiores dificuldades pelas quais passei, tinha noites de dormir uma a duas horas e intervaladas, porque seguidas era um luxo!

No início, com o mais velho, era porque ficava a olhar embevecida para o pimpolho, só pensava como é que tinha conseguido gerar um ser tão perfeito. 

Depois, era porque ele acordava para mamar e como nasceu no inverno e tinha frio, acabava por colocá-lo a dormir na minha cama, como se diz agora em co-sleeping. 

Mas depois não dormia porque podia magoá-lo a meio da noite… Incongruências estranhas, se o colocava lá era precisamente para estarmos mais confortáveis e conseguirmos dormir uma noite mais descansada.

Por volta dos 2 anos, começaram os problemas de saúde, o meu filho tinha apneia do sono, por causa das amígdalas e dos adenoides, mas o pediatra dizia que não era conveniente operá-lo antes dos 4, porque as amígdalas podiam voltar a crescer, então dos 2 aos 4 anos andava sempre à base de cortisona para ver se aliviava e a mãe não dormia porque estava alerta!

Não havia noite que não me levantasse vezes sem conta e em sobressalto, porque não o ouvia ‘ressonar’ e o não ‘ressonar’ era sinónimo de não respirar.. Até ser operado de urgência aos 4 anos.

Aos 3 do mais velho nasceu o mais novo e o acordar descompassado entre eles, era indescritível, pareciam um relógio suiço no que toca à sabotagem do meu pouco descanso!

Até aos 10 anos do mais novo eram noitadas atrás de noitadas, era a loucura total!

Apesar das rotinas, nunca havia pressa para deitar, até acalmar e dormir. 

A rotina passava por lavar os dentes, fazer xixi, deitar para ler a história da noite, falar um bocadinho sobre a história que lemos, beijocas e dormir ou esperar que dormissem…

Vontade de ir fazer xixi e ir beber água nunca faltava e depois de ingressarem no 1º ciclo havia necessidade de ir confirmar se tinham colocado tudo na mochila mais uma vez… Quando já tinha sido tudo visto e revisto antes de deitar. 

Também havia conversa para dar e vender, tinham alturas  de estarem de olhos fechados já mesmo a dormir e ainda balbuciavam, nisto eram tão parecidos!… 

Como dormiam no mesmo quarto, acabavam por ter o mesmo comportamento, às vezes era desesperante e a paciência escasseava.

Por vezes, acordavam a chorar que não queriam ficar sozinhos, porque havia monstros debaixo da cama ou esgueiravam-se de mansinho para a minha cama… Mas o mau dormir era tanto, que se atravessavam na nossa cama e não havia descanso para mais ninguém para além deles!

Chato, chato era quando vinham os 2… e passávamos a 4 na mesma cama. Só os pirralhos é que dormiam, tinham tão mau dormir, atravessavam-se na cama e não havia espaço para mais ninguém. 🙂

A minha privação do sono traduzia-se em muito pouca tolerância a tudo, ficava mais impaciente, mais emotiva e a nível de rabugice, nem se fala! Tenho uma particularidade muito peculiar, quando estou com sono e fome, fico mesmo muito rabugenta, ninguém me atura… 

A nível de produtividade nem se fala, sempre que iniciava uma tarefa ficava pela metade, porque de vez em quando lembrava-me que não tinha terminado a tarefa iniciada anteriormente e fazia tudo aos ‘bochechos’.

A frustração era enorme…

A nível físico, parecia que andava sempre com o cérebro dormente! A cabeça pesava, que se desunhava. Parecia uma zombie!

Para os rapazes, o pouco descanso era terrível, birras sem fim, a alimentação era péssima, porque só queriam o que não tinham, tal não eram os ataques de rabugice que tinham. 

De vez em quando lá calhava deitarem-se mais tarde,porque íamos a algum jantar ou saíamos um bocadinho à noite nas férias. E de manhã é que eram elas…

Tinham muita dificuldade em levantar e andavam mais irritadiços e muito pouco tolerantes a tudo!

A falta de descanso nas crianças ‘mexe’ com tudo! Desde as aprendizagens, pois é a dormir que o cérebro, vai ‘organizar’ as ideias de tudo o que foi assimilado durante o dia, leva à falta de atenção e concentração, cansaço e apatia, birras (irritabilidade e impulsividade), propensão a acidentes e a nível de alimentação (desregulação do metabolismo) então nem se fala!

Sempre fui apologista das sestas até à entrada do 1º ciclo, sinto que lhes fazia falta dormir um bocadinho depois de almoço.

Desde o fim das sestas, o meu caçula adormecia à hora do jantar, tenho inúmeras fotografias e vídeos dele a cabecear sobre a comida, coitadinho! 

Independentemente da hora do jantar, bastava parar um bocadinho que adormecia logo. O adormecer à hora do jantar arrastou-se até ao 2º ano do 1º ciclo.

Chegava a deitá-lo com metade do jantar comido, mas depois a meio da noite… Lá ia ele de mansinho para a minha cama ou chamava-me para ir para a cama dele.

Neste aspeto, nunca tive uma regra rígida de que cada um tem que dormir na sua cama ou que não me ia deitar na cama deles até adormecerem… 

Sempre senti que o tempo passava tão rápido que sempre quis aproveitar todos os momentos com a maior qualidade possível pois a estabilidade e equilíbrio deles era o mais importante. 

E até ver e passados estes anos todos não me arrependo, mesmo com noites muito mal dormidas!

Agora em algumas situações ficamos a conversar um bocadinho sobre como correu o dia ou alguma coisa que os preocupe.

 Já não há história, mas a beijoca e o miminho antes de dormir está e estará lá enquanto estiverem debaixo do meu teto, que o mimo é coisa que não falta!

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