Confesso que sempre gostei de oferecer, mas tenho um gosto maior em oferecer às crianças!
E tenho uma grande pancada, no Natal, só ofereço brinquedos, afinal o Natal é delas!
A magia que antecede o Natal é inigualável e inconfundível e só as crianças para a viverem como ninguém!
A única coisa que me chateia no Natal é o consumismo em excesso… deixou de se dar grande importância ao que é realmente importante, a união, a família…
A partir do mês de novembro, os miúdos são invadidos por publicidade, que não sabem, nem conseguem gerir, de brinquedos que todos querem e vibram, mas não se sabe para que servem! Pedem incessantemente aos pais, que desesperados se vêm a braços com pedidos alucinantes.
Lembro-me de, na minha infância os meus pais, tios e avós terem a preocupação de me oferecer brinquedos que saiam nesse ano, hoje, sei que era uma privilegiada, mas não dava qualquer valor, isto porque não tinha com quem partilhar. E via que os meus amigos acabavam por receber brinquedos, que por vezes nem eram nada de especial, mas que eu achava muito mais piada, como jogos de tabuleiro para jogar com os irmãos, era o tipo 2 em 1, que para mim não serviriam para nada, mas para eles era mesmo o ideal J.
Hoje em dia, há uma maior variedade de brinquedos, ou melhor há para todos os gostos e também há uma maior abertura de mentalidade por parte dos pais e de quem oferece. Não se pensa muito no género da criança quando se dá, isto é, já se começou a colocar de parte o estigma dos brinquedos de menino e de menina.
Ainda bem que hoje, os meninos já brincam com bonecas e as meninas com carrinhos.
Até há pouco tempo, era quase um ultraje!
E quantas crianças eram criticadas e castigadas por querer brincar com o que não era suposto? Infelizmente ainda há muito quem critique, mas as mentalidades começam a mudar…
Lembro-me da minha afilhada ter umas barbies que já não queria e deu-as ao caçula, porque ele gostava de brincar com bonecas, nós sempre reciclamos os brinquedos, os meus brinquedos foram para ela e os dela foram partilhados entre o irmão e os meus rapazes. Fui tão criticada por deixar a criança brincar com aquilo! Porque ele podia mudar a sua orientação sexual por brincar com bonecas, que ridículo…
Até porque brincar com bonecas faz com que haja mais sensibilidade por parte dos meninos, nunca vi qual era o problema…
Mas a verdade é que muitos brinquedos, na minha opinião ‘não têm ponta por onde se pegue’, não têm nenhuma finalidade pedagógica, não servem para nada e que muitas crianças só querem e têm, porque está na moda e porque o amiguinho também tem, mas depois não sabem brincar com eles nem têm qualquer utilidade!
Sempre ofereci aos meus filhos brinquedos pedagógicos, talvez seja vício da profissão… Sempre gostei muito de brinquedos de madeira, acho muito mais pedagógicos, apelativos e interessantes e nos dias de hoje há uma maior variedade do que havia na altura dos rapazes.
Há brinquedos de madeira para todos os gostos, desde jogos de encaixe, construção, brinquedos que simulam a vida real, o que permite com que as crianças se comecem a preparar-se para a sua vida futura e permite-lhes recriar o que vêem no seu dia-a-dia!
Temos os jogos de tabuleiro que dispensam apresentações, há uma variedade infindável e para todas as faixas etárias, todos os gostos e que promovem as relações interpessoais e a união familiar.
Depois há o reverso da medalha, os brinquedos que não acrescentam em nada e que só estimulam a agressividade…
E existem também os tecnológicos, os telemóveis e ipad’s que são oferecidos cada vez mais cedo, com acesso ilimitado à internet e que sem controlo parental são uma bomba relógio para crianças que ainda não têm maturidade para as utilizar, nem tão pouco processar a informação assistida.
O que ofereci aos rapazes desde sempre, passou por:
Até ao ano de idade, muito poucos brinquedos, o que existia eram brinquedos que estimulassem os sentidos, com cores atrativas, sons que fossem calmantes e que tivessem texturas.
Depois do ano, não havia brinquedo que lhes chamasse mais a atenção do que as panelas, os tachos e as caixas de guardar alimentos (os famosos Tupperware), nenhum brinquedo batia estes objetos, tudo o que não fosse brinquedo era muito mais atrativo…
Até aos 5 anos, oferecia-lhes brinquedos de encaixe, construção, puzzles, brinquedos musicais (maracas, xilofones, …) jogos de faz de conta… tudo o que estimulasse a imaginação e criatividade.
A partir daqui tudo muda… a entrada no 1º ciclo, faz com que todo o universo dos brinquedos mude, também por influência dos colegas… e os rapazes zangavam-se um bocadinho comigo porque não tinham os action man e pistasde carros da hotweels (passo a publicidade), os poucos que tinham eram oferecidos por terceiros nas suas festas de aniversário… porque por mim, continuavam com brinquedos que os pudessem estimular.
Sempre gostei muito dos jogos e brinquedos da Science for you, porque tinham muito a aprender e aprendiam muito, mesmo a brincar. Os Legos sempre estiveram presentes, bem como os puzzles e jogos de tabuleiro.
Entraram na adolescência e o caso começou a ficar complicado, o que era mais fácil de pensar eram os Legos e os jogos de tabuleiro, que podíamos jogar em família.
Mas depois… já não consegui fugir à Playstation… Enfim, foge-se enquanto se pode e consegue. Mas não quer dizer que seja tudo mau, também há jogos interessantes, para nós pais e não para eles, porque são um bocadinho ‘seca’…
Hoje em dia uma prenda de Natal para os rapazes é quase missão impossível, tenho que andar a mendigar ideias e estar com o radar alerta 365 dias por ano, para saber o que precisam e gostam.
Em jeito de brincadeira costumo pedir-lhes para escreverem a carta ao Pai Natal, isso facilitava-me imenso a vida… Eles já acham ridículo, mas para não me contrariar acabam por fazer, só para não me aturar! Mas assim já tenho alguma noção do que querem e precisam, porque nestas idades, as ideias escasseiam.
Quanto aos brinquedos que existiam a mais, sempre foi feita uma seleção, gerida e feita pelos rapazes, afinal eram os principais interessados.
O que estava partido ou estragado ia direitinho para o lixo. O que já não brincavam com tanta frequência ou até nem ligavam nenhuma, entregavam numa instituição. E sempre fiz questão de serem eles a entregar, para promover o espírito de solidariedade e empatia… e via-se o brilho nos olhos quando o faziam, sentiam-se orgulhosos de estar a partilhar.
Apesar dos rapazes não darem tanto valor a esses brinquedos, havia crianças que davam e para essas, os brinquedos apesar de usados estavam praticamente novos e ganhavam uma nova vida!
Abrindo assim espaço para brinquedos adequados à nova faixa etária e para as novas prendas de Natal que iam chegar!