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Parentalidade

O meu filho não gosta de estudar!

Ando sempre de candeias às avessas com o meu filho mais novo por causa do estudo!

Por vezes até acho mesmo que o rapaz tem alergia… E o que mais confusão me faz, é que ele bom aluno, mas não se adequa ao método de ensino em vigor.

Não é que ele não goste de estudar, não gosta é das coisas mais generalistas que diz que não lhe fazem qualquer sentido…

Por muito que lhe explique que por vezes precisamos de conhecer um bocadinho de tudo, para poder escolher a área que mais cativa, e ser canalizado para aí, mas não é fácil, ando nisto há 10 anos!

Não gosta de história, diz que já passou e está passado e nem lhe diz respeito nenhum, refuto e digo-lhe que é uma questão de cultura geral.

Geografia até ia achando alguma piada porque conseguia materializá-la na vida real, fosse em mapas, nas densidades populacionais, nas capitais dos países, etc.

Não gosta de português. Se já sabe ler e escrever, para que é que precisa de orações entre outras coisas, tento refutar, mas verdade seja dita também não compreendo, mas não dou o braço a torcer, continuo a dizer que o saber não ocupa lugar…

E na maioria das disciplinas é assim, só gosta de matemática (estranho, porque a maioria dos miúdos não gosta de matemática …) e de coisas mais práticas, e que lhe sejam úteis no dia-a-dia ou então que haja algum professor que lhe saiba cativar a atenção.

Nessas situações é sempre o melhor, e a sua antena está sempre em sintonia com a do professor em questão.

De outra forma, perde-se constantemente, até costumo dizer que ele se distrai com as moscas.

Desde sempre que tenho recados da escola, de que é muito falador, despreocupado e até aéreo, sempre de cabeça na lua.

Mas cada vez que lhe perguntam alguma coisa, responde sempre a tudo e bem!

Aconteceu ainda no infantário, estarem na hora do conto, com a educadora a ler uma história e o meu rico filho a meter-se com os outros meninos e a não prestar atenção nenhuma, parecia que tinha ‘bicho carpinteiro’!

Quando começaram as perguntas acerca da história, sua excelência estava sempre de braço no ar, pronto a responder. Isto era uma constante!

Cheguei à conclusão de que a Natureza dele era mesmo esta, a sua forma de ser e estar perante a vida, que o definiam.

E, nessa altura resolvi que não iria contrariar a sua essência, embora tivesse que ir ‘polindo’ algumas situações, tal como não falar na sala de aula que era um desrespeito pelo trabalho do professor e desrespeito pelos colegas que estavam a tentar prestar atenção, tentar estar mais atento e motivá-lo porque, se ele desatento conseguia tirar boas notas, com um bocadinho mais de atenção conseguia sempre superar-se!

Na minha humilde opinião, acho que se os nossos filhos conseguem chegar até determinado patamar, porque hão-de ficar pela metade?

Nisso sempre fui muito exigente, não para eles serem os melhores, mas para darem sempre o seu melhor no pouco que fazem!

Primar sempre pela diferença!

Porque de iguais, já há muitos! Não é por fazer o mesmo que serão aceites pelos outros. E as nossas características são o que nos distingue, torna únicos e especiais e faz a diferença para quem convive connosco.

No primeiro ciclo melhorou um bocadinho porque a professora era muito dinâmica e a estrutura da aula era um pouco diferente, mas cada vez que tinha mais teoria e tinham que estar mais parados descambava tudo, exatamente igual ao infantário, o meu maior receio confirmava-se, ele era mesmo assim.

Cheguei ainda a pensar que tivesse défice de atenção. Mas o défice de atenção que tinha era mesmo quando não tivesse interesse no que estava a ser feito.

A professora dizia que ele nunca iria morrer do coração, tal não era a despreocupação dele.

O que ainda hoje me faz alguma espécie, é que ele sempre foi um curioso nato, mas só e tão só, no que lhe faz sentido.

Adora curiosidades e esmiuça-as de forma indescritível, gosta de saber o porquê dos porquês, mas depois tudo o que é mais teórico ou que não lhe desperte qualquer interesse, descalabro total!…

Os TPC quando vinham eram horas a fio, a não ser que me sentasse ao lado dele e de forma ludica, lá se despachava.

A maioria das vezes ficava só sentada a olhar e tudo fluía, o pior mesmo era quando estava muito atrasada e não conseguia estar ali ao lado!

No segundo ciclo, depois de várias chamadas de atenção: de que ele era distraído, podia tirar melhores notas e não estava a aproveitar todo o seu potencial e de que eu deveria tomar outras medidas…

Apercebi-me que nunca viram para além do que se observava em sala!

Hoje em dia é pedido aos professores que ensinem, dêem educação (que deveria vir de casa), sejam pais, psicólogos, etc. Quando também eles muitas vezes, necessitam de apoio e compreensão, porque são seres humanos, com necessidades e fragilidades e uma vida pessoal.

Temos muitos e excelentes professores que nasceram com vocação para tal, outros nem tanto.   

Quanto ao meu filho, além dele já ter a sua essência diferente e não se adaptar tão facilmente aos métodos de ensino tradicional, também sofria de bullying, o que ainda agravou mais a sua postura, deixou de querer ir para a escola, os pesadelos eram constantes, andava muito fechado na sua concha e muito reativo.

Lá aparecia com umas marcas aqui, outras ali, material escolar estragado, mesmo depois de já ter conversado comigo e eu ter reportado à escola nada melhorava, foram tempos complexos até chegar ao 3º ciclo e mudar de turma.

A partir dessa altura as coisas melhoraram bastante, embora o receio estivesse sempre lá e ter deixado marcas bem presentes, conseguiu sentir-se mais integrado e teve uma diretora de turma 5* que soube perceber a sua essência e puxá-lo o mais que podia e conseguia (a tal vocação), preparando-o para um percurso no secundário saudável.

Agora no secundário e na área que escolheu, está um pedacinho melhor, mas o português e a filosofia são o seu calcanhar de Aquiles, é necessário estar constantemente a chamá-lo a atenção para estudar e rever a matéria diariamente, isto é, manter os hábitos de estudo que foram sendo desenvolvidos desde o 1º ciclo.

Sim, porque os hábitos de estudo são cruciais para o sucesso nas aprendizagens.

Um bom método, hábitos de estudo criados e o apoio constante dos pais (este apoio não se traduz em saber tudo e explicar a matéria, porque nem todos conseguem, mas o estar presente e demonstrar disponibilidade), são meio caminho andado para o sucesso!

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