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Parentalidade

Sou filha única, e depois?

Sou filha única, para o bem e para o mal, só posso contar com a minha pessoa!

Desde que me lembro que pedia aos meus pais um irmão, mas a vida não o permitiu. E mesmo que fosse uma opção deles, tinha que ser respeitada!

O tempo foi passando e fui aceitando o facto de não ter irmãos, embora me custasse, porque todos os meus amigos os tinham e eram felizes nesse papel. Pois para além de estarem com os amigos durante o dia, em casa continuavam com amigos para brincar até à hora de dormir. 

Na altura, pensava o quão limitada era a minha vida, não tinha com quem partilhar vivências e experiências. Fui-me fechando na concha, não conscientemente, mas porque não tinha o que partilhar nem como, sentia-me isolada do mundo e só. 

Afinal e pela experiência que tenho dos meus filhos, os irmãos são a base de experiências positivas e únicas na família, são um fator de proteção no desenvolvimento de problemas emocionais (como a tristeza, ansiedade ou até mesmo queixas somáticas), e de proteção na adversidade. Promovem comportamentos positivos de entreajuda, dentro e fora do seio familiar e acima de tudo, se a relação for sólida, são um refúgio afetivo e de segurança. 

Ora, não sinto que alguma vez tivesse tido esta situação com algum outro membro da família. Embora os meus pais dessem o seu melhor e tivesse tios com idades mais ou menos próximas, ainda assim faltava alguém mais próximo ainda!

Com o passar dos anos, tive que aceitar e comecei a dar valor a outras coisas. Deixei de me focar no facto de não ter irmãos e sempre pensei que se pudesse, iria ter 5 filhos! Imagine-se só, uma mão cheia, uma casa cheia. Queria ter 3 ou 4 com idades muito próximas, estando ainda na casa dos 20 e o último quando tivesse 40 anos.

Fiquei-me pelos 2, na casa dos 20, tal como previsto com idades próximas e quando estava a pensar em preparar a vinda do terceiro perto dos 40, desisti… 

Afinal estava a chegar à conclusão que iria ser complicado ter um terceiro filho com os outros já crescidotes, independentes e eu iria passar as noites novamente em branco e com muitas fraldas para mudar e toda a logística que isso acarreta! 

Não tive coragem, porque no tempo dos meus rapazes sofri bastante com a privação do sono e não tinha com quem partilhar as noites mal dormidas porque o pai estava sempre fora.

Mas cumpri um dos meus principais objetivos de vida, não ter apenas um filho, que na minha experiência sinto que foi muito triste. 

E percebi que não era preciso ter muitos filhos para ter a casa cheia, os meus 2 enchem a casa na perfeição, têm uma alegria contagiante! Mas quando é para a confusão, também enche na totalidade.

Como filha única, acabava por ter as atenções e mimos só para mim. Cheguei ao cúmulo de ser filha, neta, sobrinha e até bisneta única até aos 15 anos! Grande proeza… Tinha as suas coisas boas, mas por outro lado se fizesse alguma asneira era logo apanhada, porque não podia atirar as culpas para mais ninguém ☺

Também era hiper, mega protegida, o que era péssimo. Não podia suspirar que me caía tudo em cima, cheios de preocupação e superproteção, o que sufocava bastante, não me deixavam ser eu, ter os meus dramas, as minhas alegrias, as minhas preocupações. Sentia-me completamente ‘atadinha’! Porque faziam praticamente tudo por mim.

 A nível social considerava-me uma criança muito mais tímida, fechada na concha, mais insegura, o meu círculo era muito mais pequeno e não me sentia confortável com muitas pessoas. 

Sempre que era para falar em público ficava mais corada que um camarão, e evitava ser o centro das atenções, ainda hoje!

Chegava ao ponto de ver uma pessoa conhecida na rua e passar para o outro lado da estrada para não ter que falar, não por má educação, mas por não me sentir confortável. Sempre associei a ser filha única e ser superprotegida.

Por outro lado, também sinto que cresci mais rápido nas relações com adultos, como era toda única não tinha com quem brincar e ser infantil, então tinha que me adaptar.

Não se pense que os filhos únicos são egoístas, infantis e mimados, não me considero egoísta.

E infantil, só me sinto quando brinco com os miúdos, já mimada sinto que fui bastante!…

Ser mimada não é sinónimo de mal-educada, muito pelo contrário, sempre tive uma educação muito rígida!

Neste momento, a minha principal preocupação, é com o futuro, que se aproxima a passos largos, os pais a ficarem com alguma idade e não tenho com quem partilhar as preocupações. E não tenho um amparo, sangue do meu sangue e na mesma linha colateral direta com quem possa trocar impressões acerca da saúde dos meus pais, fica tudo para mim, já que me mimaram, vou também tentar mimá-los  e dar-lhes o máximo da melhor maneira que posso e sei.

Uma das coisas que me apercebo e muitas vezes revolta para com os pais de filhos únicos, é a indiscrição das pessoas.

Cada vez que falam com eles, perguntam constantemente quando vem o 2º ou até mesmo o terceiro.

Ninguém se preocupa em tentar perceber se a decisão de não ter mais filhos está relacionada com saúde, disponibilidade financeira, psicológica ou até mesmo se querem ou não ter mais filhos. 

Há que ter a subtileza e delicadeza de não questionar aquilo que não lhes diz respeito, muitas vezes só para saber o que é, para contar como foi. 

Cada um sabe da sua vida e das suas disponibilidades individuais. Por vezes, até é mesmo só por conversa de circunstância, mas deve-se ter a sensibilidade de perceber que se pode magoar quem está do outro lado. Empatia acima de tudo!

Há que ter a subtileza e delicadeza de não questionar aquilo que não diz respeito, muitas vezes só para saber o que é, para contar como foi. 

Cada um sabe da sua vida e das suas disponibilidades individuais. Por vezes até é mesmo só por conversa de circunstância, mas deve-se ter a sensibilidade de perceber que se pode magoar quem está do outro lado. Empatia acima de tudo!

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