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Parentalidade

Eu e os meus avós! Os rapazes e os avós deles!

Posso dar-me ao luxo de dizer que ainda tenho os meus avós maternos, o avô paterno não conheci e a minha avó paterna partiu, já os rapazes tinham nascido e foi muito duro. Porque os avós, tal como os pais, deveriam ser imortais!

Sempre fui muito mimada pelos meus avós, faziam-me quase todas as vontades, sim quase todas, porque se os meus pais não permitissem alguma coisa acredito bem que eles seguissem escrupulosamente a sua decisão mesmo não concordando, mas nunca transpareceram nada, por isso fico sempre na dúvida.

Os meus sábados, quando era mais pequena, eram passados alternadamente em casa dos meus avós, ora os maternos ora a avó paterna. 

Ainda hoje tenho memórias muito presentes, do que lá fazia, dos cheiros, de todas as coisas. Para teres uma noção, estas férias fui a casa dos meus avós e vi lá uma toalha de mesa que costumava ser usada na minha infância, vieram-me logo à memória as refeições lá de casa.

Era uma casa sempre cheia, os meus tios têm pouco mais que a minha idade e as diferenças são entre os 7 e os 15 anos, então era uma macacada pegada.

Lembro-me de chegar a casa da minha avó paterna aos sábados de manhã e já ter pronto uma tachada de batatas esmagadas com pepino picado muito fininho… Comia aquilo de manhã à noite, nunca mais ninguém conseguiu fazer as batatas com pepino, que me soubesse tão bem como as dela.

Na casa dos meus avós paternos, quando ia ao sábado à tarde para lá, porque a minha avó trabalhava de manhã, ia dar valentes passeios de bicicleta com o meu avô pelo pinhal e jogava à bola com os rapazes da rua e depois à noite, já jantada e bastante cansada de tanta brincadeira, os meus tios e avós diziam para fingir que estava a dormir quando os meus pais chegassem, para lá passar a noite. Era tão bem mandada na altura… depois dos meus pais irem embora era a loucura até às tantas da noite, bons tempos que me trazem tanta saudade ☺  

O mês de agosto também sempre foi passado com os meus avós maternos até à entrada da faculdade, íamos sempre acampar, aliás foi à conta deles que conheci Portugal de lés-a-lés. Só nos últimos anos é que eles se fixaram num parque de campismo da costa vicentina, e até aos dias de hoje é lá no campismo que eles fazem questão de estar e são felizes. Só vão a casa quando têm consultas médicas ☺

Com a minha avó paterna ficava na primeira quinzena de Setembro na casa da aldeia onde por acaso é a terra do pai dos rapazes e do meu pai, era a altura da festa da terra e as memórias também são muito presentes e com muita saudade.

Os meus filhos não têm os avós tão presentes, porque estamos longe. 

Nós estamos em Leiria, os meus pais saltitam entre Lisboa e a casa da aldeia, e os meus sogros vivem também nessa dita aldeia.

Apesar de estarmos longe, os meus pais são bastante presentes, é raro o dia que não lhes ligam mais do que uma vez. Mas os rapazes, ocupados como são entre escola e actividades, saídas da música juntamente com ensaios, nem sempre é fácil acertar com os horários. Mas mesmo assim cada vez que falam com eles é só lamechice da boa ☺

Ainda hoje, mesmo com os rapazes crescidos, o meu pai faz questão de ter disponível para as férias montinhos de moedas para cada um levar para a praia, para comprar um gelado ou uma bola de Berlim. Cada monte corresponde a cada dia e é sempre a duplicar! Se por acaso não houver o montinho das moedas, está lá a nota à espera, sempre passada de esguelha para eu ou o pai não vermos.

Não há uma única vez que vamos a casa dos meus pais, que a minha mãe não ligue antes de irmos, mais do que uma vez, para cada neto para saber o que querem para a refeição, para beber, para a sobremesa e o bolo que lhes está a apetecer para aquela altura.

O meu pai, na altura do tomate faz questão, de lhes fazer sopa de tomate que eles tanto gostam, a minha mãe é o bacalhau à brás e os jaquinzinhos fritos com arroz de feijão. Já a minha sogra, não há refeição nenhuma que lá façamos que não tenha o famoso maranho e as batatas fritas (eu não faço batatas fritas em casa :s) 

Os rapazes eram bastante pequenos quando a minha avó paterna partiu, o primogénito tinha 4 anos e o caçula quase 2 e ainda têm vagas lembranças de quando íamos visitar a bisavó, eles  comiam-lhe as bolachas de água e sal todas e enquanto não as acabassem, não descansavam e ela feliz da vida porque ainda lhes podia dar alguma coisa ☺

Quanto aos meus avós, ainda estivemos com eles no mês passado e a ternura com que olham uns para os outros é indescritível, fico com os olhos rasos de água. 

São estes pequenos mimos, que lhes vão ficar na memória para sempre. 

 Sempre vi os avós como sendo aquele elo de ligação entre o passado e o presente, são eles que mantém vivas as memórias de histórias passadas e esta transmissão de valores é importante, porque enquanto há memória, há vida e os antepassados ou as histórias mantém-se sempre presentes e perpetuarão para o futuro.

Esta relação e ligação permite que as crianças tenham uma maior estabilidade emocional, pois quando os avós estão presentes, estão mesmo presentes e fazem acontecer o famoso tempo de qualidade.

Já para não falar também das coisas que conseguem fazer em conjunto, que não é só benéfico para os netos como também para os avós que os torna mais ativos e valorizados.

Quanto aos avós dos rapazes, escusado será dizer que são uma peça fulcral na nossa família e que os rapazes saibam dar o valor que dou aos meus avós e que sejam tão importantes na vida deles, como eles são para os seus próprios avós. 

E quanto aos meus avozinhos, só peço a Deus que os mantenha por cá durante mais tempo, que não estou preparada para os perder, mas que estejam com qualidade de vida e de forma a que se sintam relativamente bem, porque ao fim e ao cabo ainda são um dos meus portos seguros!

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