Sempre soube desde cedo que as nossas emoções são responsáveis pela forma como reagimos a determinado estímulo.
Sou uma pessoa aparentemente calma, mas por dentro sou um vulcão prestes a entrar em erupção. Ao mínimo estímulo que toque no gatilho, sinto-me colocada à prova a cada toque na ferida!
Uma das coisas que mexe comigo e me tira do sério é quando colocam em causa a integridade dos meus filhos, seja ela física ou não, viro bicho mesmo! Tal como todas as mães!
Mas também os meus filhos têm o poder de me fazer perder as estribeiras, e fazer clique no gatilho, para que expluda em menos de 3 tempos!
Por isso, tive que arranjar estratégias para me acalmar para além de contar até 100, sim porque até 10 é muito pouco. Tal não é o ponto de rebuçado em que me põem!
Principalmente quando há noites mal dormidas, chatices no trabalho ou qualquer outra coisa que não me deixe tão calma, pode insuflar as minhas reações e comportamentos a determinado estímulo, mas cabe-me a mim reagir da melhor forma para que não hajam conflitos de maior.
Por exemplo, depois de um dia de cão, mas daqueles cães sarnentos que toda a gente enxota quando os vêem a passar. Chego a casa à espera que seja um serão pacato para diluir as preocupações, eis que senão quando vem um dos filhos a questionar porque é peixe cozido e porque não pode ser outra coisa qualquer. E que naquele mês já tinham comido peixe cozido e não lhes apetece agora!
A cabeça começa a entrar em ebulição e a vontade mesmo é de explodir! Mas depois inspiro até não caber mais ar e expiro até não haver nem um resquício do mesmo, e respondo muito calmamente: “é o que está na ementa, peço sempre ajuda para me darem ideias, nunca têm disponibilidade, têm que se aguentar à bomboca!”
A discussão acaba logo por aí, mas por minha vontade era começar logo a disparatar!!!
Porque se fosse responder aos estímulos como me apetecia estávamos sempre em guerra e acabávamos por estar num ciclo que nunca mais era quebrado.
Tive que aprender a controlar as emoções! Ao conhecer cada uma das emoções e saber o que as desencadeava, foi-me muito mais fácil para as conseguir controlar, apesar de nem sempre ser fácil e ser um trabalho árduo.
E agora uma das minhas tarefas primordiais é também ajudar os meus filhos a controlar as deles e aprenderem a geri-las da melhor forma. Mas isto é um trabalho do dia-a-dia, e cada conquista é recebida com muita alegria e satisfação!
Cada vez que um deles se ‘passa’ com o outro ou porque está a falar muito alto ou porque não respeita o espaço do outro, ou porque não deixa ver outro canal na TV, há sempre discussão e, nem sempre corre muito bem, muitas vezes culpo a adolescência! Fase tramada esta! Mas devagarinho as coisas vão-se compondo e se eles aprenderem também a gerir as emoções é muito mais fácil o autocontrolo.
Também nós, pais temos a faca e o queijo na mão, pois é através do exemplo que eles aprendem e, se nós conseguirmos controlar as nossas emoções, ou seja, quanto mais autocontrolo tivermos na gestão das nossas reações, mais receptivos serão os nossos filhos de conseguirem gerir os seus comportamentos e controlarem as suas próprias emoções.
O que lhes costumo dizer é que quando alguém lhes toca no gatilho e estão prestes a explodir é perceberem quais as opções que têm, para fazerem frente àquele comportamento, quais as abordagens que podem experimentar e o porquê daquele comportamento.
Quando o mais novo chega a casa chateado e começa a provocar o irmão, o que acontece milhentas vezes, o irmão, em vez de responder à letra, deve tentar perceber o porquê do outro estar a disparatar, a forma como pode relativizar e como o pode ajudar a ultrapassar essa situação. Claro está que nesta fase, é quase missão impossível! Quando estou por casa e me apercebo, basta um olhar para podermos relativizar a coisa e acalmar.
Com isto, não quero que os meus filhos fujam às conversas e comportamentos mais acesos, não! O importante no meio disto tudo, é que se eles tiverem uma boa inteligência emocional, ser-lhes-á mais fácil futuramente aceitar outros pontos de vista, lidar com situações mais complicadas, saberem controlar-se e terem uma boa capacidade de gestão emocional.
Para que isto aconteça, é muito importante haver uma boa comunicação entre pais e filhos, não ter medo de falar de tudo e estar sempre disponível para os ouvir. Só com um bom relacionamento é que se consegue chegar a bom porto.
Nos dias de hoje, há muitas mais opções do que no nosso tempo, assim, é imprescindível que lhes facultemos ferramentas para que eles possam fazer as melhores escolhas de vida e saibam como lidar e gerir as emoções.
Devemos estar sempre disponíveis, pois nós pais, somos o seu porto seguro e deve ser a nós que eles recorrem quando estão em apuros ou mais atrapalhados com alguma situação. Nessas alturas não devemos julgar, criticar ou apresentar o famoso e irritante “eu bem te avisei”.
É saudável que haja divergência de opiniões, afinal cada um é um ser único e individual com as suas escolhas e opiniões, nós pais, estamos lá para lhes dar colo quando é necessário e apoiá-los a cada decisão e fazer a festa quando chegar a altura. E, se porventura tivermos que lhes ‘puxar’ as orelhas por alguma situação menos boa, que tenha sido provocada por qualquer momento de ‘cabeça quente’, que o façamos de forma construtiva e acima de tudo com muito amor.