Sempre fui exigente com a alimentação dos meus filhos, talvez por saber que a alimentação além de servir de alimento para o corpo, também serve de alimento para a alma 🙂
Há alimentos que podem ser muito tóxicos para o organismo ou também podem prevenir muitas doenças.
Como tal, sempre acreditei que poderia potenciar o crescimento dos meus filhos com uma boa alimentação e higiene do sono correta.
Pela experiência que tenho, muitos problemas físicos podem ser minimizados através da alimentação, por exemplo, o meu filho mais velho tem uma taquicardia paroxística (de vez em quando e sem aviso prévio, o coração bate descompassado e muito acelerado, não tendo hora marcada para terminar), sei à priori que ele não pode comer alimentos nem ingerir bebidas estimulantes (como café, coca-cola, guaraná, chá preto, gengibre, etc), senão as crises voltam em grande força e com uma alimentação adequada, a doença não desaparece, mas o problema fica mais controlado!
É difícil educar para estas restrições? Claro, mas por vezes quem sofre destes problemas, precisa sentir o desconforto para perceber o que não quer voltar a sentir.
Então é fácil de compreender e aceitar que há certos comportamentos a evitar, sempre com muito diálogo, bons exemplos e bons hábitos alimentares.
Mas a sociedade também não ajuda, desde as ofertas de um docinho por parte dos avós ou de algum conhecido sem autorização dos pais… ou com os anúncios publicitários, com alimentos ‘excelentes’ para o pequeno almoço e lanches mas que estão cheios de açúcares e gorduras e propiciam a obesidade e assim tenta-se incutir uma falsa ideia de saúde e boa alimentação.
Entretanto, temos uma sociedade doente que tenta encontrar soluções, para colmatar estes maus hábitos, tornando-se uma ‘pescadinha de rabo na boca’, má alimentação, tentativa de tratamento, má alimentação, tentativa de tratamento e por aí adiante, porque não é fácil quebrar ciclos.
Também não é conveniente assimilar que a base está numa boa educação alimentar, minimizando-se muitos problemas e gastos desnecessários.
Sempre ouvi que mais vale prevenir do que remediar!
Não se tem em consideração a reeducação alimentar nem os bons hábitos permanentes. Nestes casos, os pais têm um papel crucial para firmar bons hábitos alimentares nas suas crianças e neles próprios, porque não é coerente oferecer às crianças um tipo de alimentação que eles não estão a beneficiar.
A parentalidade além de tudo o resto, passa também por ter bons comportamentos e atitudes a nível alimentar e a forma como os pais lidam com a comida e como a integram na alimentação familiar.
E considerando que a alimentação não é só física, não é só combustível para o corpo, mas também é emocional e mexe com a parte comportamental, por muito estranho que nos pareça.
Senão vejamos, já alguma vez tiveste fome emocional? Quando não sabemos o que nos apetece, vamos continuando a comer, e nunca estamos saciados apesar de já estarmos mesmo ‘cheios’, e falta sempre algo?
O problema não é físico, o organismo já não sente fome, por isso, é necessário compreender o que está a levar a esta necessidade, isto é, o que gera esta necessidade.
Também a nível comportamental, os alimentos também vão influenciar, desde a gestação mesmo… quando o bebé não ‘mexe’, se for preciso, comemos um docinho para o sentir, para estar mais ativo e ficarmos mais descansadas 🙂 .
Ora, se o fazemos para estimular o bebé ainda na barriga, também ‘cá fora’ esses hábitos de ingestão de doces, influenciam o comportamento da criança, irão torná-la mais ativa e reativa.
Sabendo nós que o paladar das crianças adapta-se muito mais rapidamente ao doce, acaba por ser mais ‘viciante’ e a criança tem sempre a necessidade de comer mais.
E o organismo acaba por ‘necessitar’ desse combustível, que é o açúcar, mas a nível comportamental traz repercussões e alterações, em privação, as crianças ficam mais ansiosas, por vezes mais com mudanças de humor e a nível de ‘eletricidade’ parece que a ‘pilha’ nunca mais acaba.
Os alimentos que mais ‘mexem’ com os noss@s menin@s são as grandes ‘lambices’ e infelizmente, estão disponíveis em qualquer sítio e o mais crítico de todos, é nos supermercados, nas caixas, enquanto as crianças esperam desesperadamente com os pais, pela sua vez para pagar e ir embora, têm todo aquele arsenal de armas potencialmente perigosas :
- Chupas, rebuçados, tudo o que é muito processado e onde o açúcar é o artista principal!
- Os cereais de pequeno almoço, são bombas de açúcar, que as crianças ingerem ao pequeno almoço após um grande período de jejum e depois da ingestão, o índice glicémico aumenta drasticamente e a energia aumenta a pique e as crianças não têm tempo nem espaço para libertar essa mesma energia.
- Refrigerantes, há aqueles que são mais estimulantes, como o guaraná (guaraná), a coca-cola (cafeína), o iced tea (chá preto), passo a publicidade, nestes casos não há apenas um artista principal, mas pelo menos 2: o açúcar e o estimulante inserido nas bebidas.
- No caso do chocolate, este pedaço de mau caminho para quem gosta, claro! Se for chocolate negro com maior teor de cacau, o efeito não é tão mau, se for um consumo regrado e controlado, claro (um quadradinho por dia até ajuda ao aumento da circulação sanguínea do cérebro e que irá repercutir-se numa melhoria das aprendizagens e da memória), o maior problema está relacionado com os açúcares, gorduras adicionadas e outros ingredientes para os tornar mais doces e apelativos e acima de tudo à quantidade ingerida!
- O café, tantas crianças que gostam de café! Muitas vezes, depois dos pais mexerem o seu café, dão a colher para a criança lamber. (Uma bomba… Foi a partir deste hábito que descobrimos o problema de saúde do meu filho :S)
- O álcool nem se fala, se bem que nos dias de hoje já não existe o hábito de oferecer álcool às crianças, mas a partir da adolescência e as saídas com os amigos, é um mau hábito que se vai adquirindo, ‘entranha-se’ e fica para o resto da vida se não for bem doseado e equilibrado.
E depois de toda a ingestão calorias e de pequenas doses de ‘veneno’ em forma de energia, pede-se à criança para ficar sossegada numa sala de aula, até à hora do recreio ou a hora de dormir, sendo esta uma missão quase impossível!
E aqui o papel dos pais é de extrema importância e é necessário ter muita sensibilidade e também paciência, força de vontade e foco para preparar lanches saudáveis sem alimentos processados e/ou refrigerantes nas lancheiras das crianças.
Tal como não oferecer doces depois do jantar. Porque as crianças ficam ‘elétricas’ e necessitam de libertar essa energia, quer seja a brincar, quer seja em birras, depende da forma como irão canalizar essa energia ingerida e a hora do sono vai sendo arrastada para horas mais tardias, o que leva a menos descanso e mais birras. Sendo um círculo vicioso…
Por isso, é importante que os pais não facultem às suas crianças, depois do jantar ou a partir de determinada hora, doces ou bebidas estimulantes, pois podem ser fatais e afastar uma hora de dormir mais tranquila.
Mas não podemos dizer, nem sempre nem nunca, como se costuma dizer, ‘doces é para dias de festa’! E sim, as exeções são importantes e fazem falta nas nossas vidas!
Os doces e estimulantes influenciam sim e muito o comportamento, ora se a criança ingere muito açúcar e/ou estimulantes que por sua vez se transformam em energia e não pode ou não consegue libertar, isso irá refletir-se no comportamento, acabando por ter alguns comportamentos mais disruptivos ou inadequados, parecendo mesmo que têm bicho carpinteiro e em carência traz a privação o que pode levar a birras descomunais.
Em sala de aula é caótico, porque por muito que queira e precise de acalmar é mais forte que a criança e isto multiplicado por uma turma de 30 crianças, não é tarefa fácil para um professor
Cabe-nos a nós pais, minimizar estas situações e tentar facultar uma educação alimentar mais equilibrada para prevenir problemas de saúde ou minimizá-los e permitir que os comportamentos estejam mais equilibrados, tudo isto aliado a uma educação consciente e coerente, consegue-se uma parentalidade mais leve e com maior saúde para as nossas crianças.