Certo dia disseram-me: ‘ Os teus filhos estragaram-te a vida!’
Fiquei possessa com essa afirmação. Os meus filhos não me estragaram a vida, eles deram-me vida!
Faço mais coisas com os meus filhos do que antes de os ter. São vivências completamente diferentes, o que vivi, está vivido e há alturas para tudo! E não trocaria por nada nesta vida!
A opção de ter filhos foi minha, uma decisão consciente, ciente de que nunca iria ser fácil, ia passar por momentos de estar no auge da felicidade a estados de desespero total sem saber o que fazer.
Passei a ter o coração a bater fora do peito!
Costumo dizer que a maternidade não é cor-de-rosa, nada é perfeito e ainda bem! A perfeição nasce das imperfeições de quem vive a vida e de como a vivemos e escolhemos viver.
Nenhuma família é igual a outra, as vivências, experiências, feitios, formas de ser e estar são diferentes, há tantas variáveis na vida de uma pessoa, que é difícil quantificá-las, por isso cada uma é única e especial.
E quem me disse que os meus filhos me estragaram a vida e que não faço o que quero, estava a ver a vida dela, não a minha, nem a minha forma de a viver!
Nunca deixei de fazer nada desde que tenho filhos, tudo é uma aventura! Desde a simples ida ao supermercado até à ida a um concerto! Verdade seja dita, ora num momento estou a divertir-me à brava com eles, como no segundo a seguir estou a arrancar cabelos de tão esbaforida fiquei com as asneirolas que fazem ou dizem. Mas tudo faz parte!
É a nossa forma de lidar e gerir as situações que vai ditar a forma como encaramos a vida!
Confesso que já passei por muitos maus bocados em que não conseguia ver o copo meio cheio, muito pelo contrário, parecia um filme de terror.
O desespero apoderava-se de forma avassaladora e sentia-me a pior mãe à face da terra e completamente impotente.
Quando eles estavam doentes e passava noites em claro, costumava dizer que ficava com o cérebro dormente de tão pouco descanso.
Aliás, desde a gravidez do mais velho até aos 10 anos do mais novo, que sofri de privação de sono! Ora sendo 2, e se entre eles têm 3 anos e 3 meses de diferença, acrescentando mais alguns meses de gravidez do mais velho, diria que estive muito próximo da módica quantia dos 14 anos em privação de descanso.
Às vezes nem sei como ainda tenho algum discernimento ou até mesmo juízo!
Mas já passou, agora deixou de ser a privação do sono, e passou para as preocupações constantes (amig@s, internet, saídas, escolas, o estudo, jogatina…), mas parece que tudo faz parte, os antigos costumam dizer que ‘filhos criados trabalhos dobrados’, confirmo a 200%!
Se antes conseguíamos controlar a situação, agora nem pensar.
Temos é que arranjar estratégias para conseguir arranjar soluções, para as diferentes situações com que nos vamos deparando.
Desde que as regras e limites básicos sejam cumpridos, temos que arranjar alguma solução em que haja um ganha-ganha para ambas as partes e nenhuma saia melindrada, porque isto na fase da adolescência é um bocadinho mais complexo do que na infância.
Apesar de todas as dificuldades, a maternidade é dos papéis mais gratificantes, mais exigentes e complexos da minha vida.
Quando eles eram mais novos, divertia-me bastante a brincar com eles, desconfio até que tinha momentos em que era mais infantil que os meus próprios filhos. Acredito bem que a maioria das asneirolas aprenderam comigo… a minha mãe sempre me disse que mais vale aprenderem em casa do que na rua, e eu… segui à risca o conselho dela!
Hoje ainda brinco com eles? Claro, que sim!
As brincadeiras já não são as mesmas de quando eram pequenos, mas a parvoeira continua! E acho que é através dessa cumplicidade que se gerou entre nós, que faz com que a minha maternidade se consiga com maior leveza.
E nesta fase da minha vida, vejo o copo não meio cheio, mas completamente cheio, praticamente a transbordar. Não quero com isto dizer que é tudo fácil e simples, não! De fácil e simples não tem nada, aliás é bastante mais complexa, há dias bastante difíceis em que só apetece deitar a toalha ao chão e desaparecer!
Mas a forma de ver as situações mudou bastante, aliás eu mudei e com isso permiti-me ver a vida de forma diferente, talvez mais cor-de-rosa? Não sei, talvez mais azul bebé!
Mas sei perfeitamente que muitos pais não vêem a vida como eu a vejo e é normal.
Muitas decisões que tomei, outras que deixei de tomar, sendo conscientes ou não, trouxeram-me a esta posição que, até agora faz todo o sentido, mas a dúvida na minha vida, dessas decisões tomadas é constante, como um eco. Se tivesse tomado outra decisão seria tudo diferente, com toda a certeza.
Sinto que, como ser humano, estou em contínuo processo de transformação, e o que é hoje, muito provavelmente não foi ontem, nem será amanhã.
A única certeza que tenho é o amor incondicional pelos meus filhos e os valores que me foram transmitidos durante a minha vida, e que vou também lhes vou transmitindo.
A maternidade é uma incógnita e traz muitas dúvidas e dissabores, mas traz-nos o melhor de tudo, os nossos filhos!
A única certeza que existe, é que se quer fazer sempre o melhor e não falhar com eles. Então, se é essa certeza que há, nós pais devemos ser o exemplo do que queremos que eles sejam!
Posso dizer à boca cheia que a minha maternidade tem todas as cores do arco-íris 😊 e apesar de todas as dificuldades … o balanço é totalmente positivo!!!